terça-feira, 23 de março de 2010

Comum e normal

No caminho da volta para casa, uma senhora de cabelos bem branquinhos, em um tom de desabafado, ao terminar de contar sobre sua indignação ao ver pais que jogam meninas pela janela serem julgados só agora, soltou a seguinte frase:

— Ah, como pode? nem sei mais por quê ainda me preocupo com isso.
Hoje em dia é tão normal.

Pera aí! ISSO É TUDO, MENOS NORMAL. Não invertam os significados das palavras por favor. O mundo pode estar se afogando em mar de sangue, se afundando em índices de violência e se sufocando em tanta poluição que, ainda sim, esse tipo de atitude não será normal. Pode, por fim, se tornar comum, corriqueira e até mesmo cair no esquecimento como outras inúmeras catástrofes sociais — a exemplo das inúmeras bolsas de pobreza espalhadas pelo Brasil. Mas, a não ser que a sociedade guine 180º em seus princípios, ainda nos espantaremos com um assalto ou nos revoltaremos ao ver alguém que passa sede no agreste nordestino, enquanto nos tecnopolos do eixo Sul-Sudeste o tempo mínimo de banho é de trinta minutos.

Comum não quer dizer normal, quer dizer repetitivo.
A violência pode se tornar comum, mas nunca normal.

1 comentários:

Anônimo disse...

Coitadinha da Isabela =/

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