quinta-feira, 5 de junho de 2014

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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Quanto ao silêncio

O silêncio é um espécime do arame farpado. Vez ou outra, se preocupa mais de ferir que proteger.
Todo mundo é um pouco de porcelana. Até um manequim de estoque velho precisa de um resto de carinho e uma pitada de cuidado.
É uma coisa de corpos, cheio de vem logo, um tal de tempo que demora para passar.
Para que tanta discussão se no fim das contas é a gente quem paga por esse amor pagão?

A minha janela

É de fora para dentro. É como se o mundo olhasse por uma fechadura e procurasse o meu infinito. Escondido. Sabe, às vezes até deixo o que sobra dele entrar. 

Braile

Amor, minha boca vai estar fechada, mas meus dedos vão ditar o paraíso na sua pele.

O vale dos seus cílios.


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Com relação ao sonho

Sonhar é um dever de casa que eu tento entregar todos os dias.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Quanto à dor

O pior de todos os gritos ainda é o sussurro. 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Eu nasci para ser lar

A solução é amar, mais que o horizonte e o céu, o soluço e o ar, a mão e suar. Não nasci para ser um cômodo vazio, eu nasci para ser seu Lar.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O peso dos sonhos

Sabrina amava mais a vida que qualquer pessoa no mundo. Todos os dias, tingia a rua cinzenta da sua vizinhança com o traço vermelho do seu cabelo ruivo, como uma navália sangrando o asfalto preto. Bebia cada momento como água na bica em dia de futebol. Quando corria, seus passos eram tão carregados que assim que chegava em casa, sua mãe perguntava se carregava um exército nos ombros.
Mas não, não era isso, a verdade era que seus sonhos embarcava uma certeza quase que absoluta, sempre a acompanhando e pairando pesadamente em cada balançar de vestido. Viviam a espreita esperando para acontecer, como a fila para comprar o pão das 6, um presente esperando para ser aberto, um botão pronto para brotar.

domingo, 19 de agosto de 2012

Quanto à chegada

Felicidade é quando eu posso desabotoar o último botão do meu paletó sem desabotoar o meu sorriso.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Cabresto

Seu Joaquim quis ser homem rico, ser executivo com papéis para assinar. Largou a cerca meio podre, cheirando morte e enxofre das beleza ingrata do lar. Se aventurou na grande cidade, mas hoje sente saudade do ar do sertão. Arrumou um emprego descrente, sem prole, sem parente, para vender sorvete com apito na mão.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Presente

Todo mundo que já nasceu sabe e não mente. Gente não vem da cegonha, nem da alface, nem da semente. Gente vem da gente, vem do amor que a gente sente. Neném tem que esperar todo esperado, na barriga embrulhado, a vida de presente.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Chave

É uma briga e tanto quando as palavras se recusam a abandonar o campo das ideias. Olho para os móveis, procuro nas janelas e quase imploro para que a cadeira velha de quina para parede me dê alguma pista do que escrever. E nada. É como se as palavras estivessem e não estivessem lá, tudo isso ao mesmo tempo. Como se vivessem em estado de dormência, mornas na inércia em tingir o papel. Até desconfio que na maioria das vezes elas moram no que é exterior a mim, me evitando, desviando ou mudando de calçada como um vizinho bravo que insiste em virar a cara só para não dar bom dia.

domingo, 15 de julho de 2012

Caibo exatamente no espaço entre tuas duas palmas. Que também cabe o mundo, um abraço, um aplauso, você.

domingo, 8 de julho de 2012

Quem ama não vê estátua de bronze, nem medalha de bravura. Não pensa em vitória, só pensa no coração vazio, na ausência que grita, na cama fria e dura.

domingo, 10 de junho de 2012

Pés descalços

Mamãe sempre reclama por eu andar descalso pela casa até mesmo nos dias mais frios. Bem, preciso me assegurar de manter os pés em total contato com o chão para que eu possa ter minha cabeça tão no alto, mas tão alto, que até o espaço ficaria com ciúmes.

Prateleiras

Todo mundo tem uma caixinha que cabe desde uma cabeça de alfinete até o cruzamento entre duas galáxias onde eles escondem os desejos de um mundo melhor.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Pegadas

Estava embaçado, meio nebuloso e escuro, mas confesso que também vinha de mim a vontade de não ver. De não ser, de não querer, de não aparecer... se escondendo ao ponto de, como um casulo pelo lado de dentro e até por decisão própria, o céu se fechar ao contrário para mim. Doeu, sei bem. Mas me cuidei, me guardei porque sabia que tinha algo guardado, esperando para chegar.

E chegou. Trazendo os bons ares da mudança, da boa mudança. Chegou.

domingo, 26 de junho de 2011

Angústia

é um minuto que dura dez,
que dura vinte, que dura cem, que não passa.
É o céu de pixe na núvem carregada,
é a chuva fraca, é a voz embargada
gotejando uma tristeza preta, grossa, de quem não sente.
Angútia é um desespero que te corta aos poucos,
devagarinho, como agulhadas, mas constantemente.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ser par

Todo sentimento
É um sentir medo:
Medo de falhar,
Medo de perder,
Medo de faltar,
Medo de ceder.

Medo do vazio
que, para quem sofre,
É não sentir nada.
Mas que o amor preenche melhor que ninguém,
Ao ponto de, entre uma ponta e outra do acaso,
se fazer de ponte e unir como papel colado
a vontade de ser par que todo mundo tem.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Fila de banco

Uso a vida aos poucos. Quase não gasto, quase não durmo, trabalho mais que gasto, durmo menos que trabalho. A semana é assim, a vida é assim, a única diferença é o tamanho da fatia e os juros no fim do boleto. Mas aos domingos, ah domingos! Esses sim, merecem ser pagos à vista. Até a última moeda.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O passado é grande demais para ser lembrado, o presente é rápido demais para ser vivido e o furuto, infinito demais para ser planejado.

sábado, 26 de março de 2011

Um fato

Aprendi que tenho dificuldade em lidar com a derrota.

E que todas as vezes que discursava "mesmo perdendo, temos que continuar com a cabeça levantada e seguir em frente" não imaginava o quanto ardia a sensação de fim. Afinal, pensando bem, é até fácil passar para a próxima luta. Mas e a que se foi? como fazer? esquecer? só erguer os olhos e sorrir? Partir para o próximo desfiladeiro sem retaguarda? Não! Tem um estandarte expondo a minha couraça de chumbo refletindo indiferença à perda, mas dentro, tenho estrutura, um emaranhado de ferro se entortando, trincando e rangendo um pedido de arrego. Um encanamento enferrujado e sujo, engasgado de tanta fumaça, que faz da sua chaminé, meus olhos, gotejando tristesa, até a hora que secar. E vai secar.

domingo, 20 de março de 2011

A semelhança entre as palavras saudade e soldado
talvez explique tantas batalhas
para esquecer certos momentos e
algumas pessoas.

Todo errado

Ando estranho,
com sensações roídas,
um grito frestando a garganta
e nos olhos, uma vontade de acontecer.
De explodir, romper a carcaça, chegar.
De suar, esquentar, ferver, estralar, sumir
e todos os infinitivos que o Houaiss me der.

Mas é só ânsia, e enquanto não sair,
fica aqui dentro, retida, essa vontade tesa,
sem ar, quase roxa de existir.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Velharia

Há palavras que escondem discursos nas mangas e até mesmo as que se demonstram superficiais, estão cheias de abismos dentre as rugas. Sim! são velhas e capciosas sendo muita vez trapaceiras, audazes. Portanto, se aprofundar na semântica é mergulhar em um penhasco codificado, traiçoeiro; da mesma maneira que cavar e ultrapassar a camada superficial da crosta terrestre ou se deixar afundar no oceano é abrir uma porta para o desconhecido.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dulcíssimo

O olhar tempera a expressão branda. E o sorriso me faz sutil. Os gestos, serenos e calmos, não demonstram qualquer cálculo ou ensaio. Mas dentro é diferente. Tá tudo mudado, ao avesso. É ácido, triste, é quente. Se me permitirem a metáfora, digo-lhes logo de cara que, apesar da externa simpatia e a maneira doce com que as palavras saem, meu recheio está azedo e podre.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sem parágrafo

Em linhas corridas, me faço em uma prosa sem pausa. Não quero ver os dias passarem, quero apenas que passem, como uma ou duas vírgulas, acentos e rimas fáceis de lembrar.

Esfregar para esquecer

Não posso apagar, sei. Está escrito, grafitado no muro. Mas esfrego, esfrego, esfrego na esperança de tornar mais opaco esse grito, mais surda essa dor. Se não calar, que ao menos berre só para mim, chega de ouvir o mundo ecoar esses problemas tão meus.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Pequena Humanidade

Me desculpe Pessoa, mas também tenho uma pequena Humanidade dentro de mim. E apesar da democracia reinando por enquanto, as vezes alguns brigam por revolução. As vezes brigam por tomar o poder. Qual deles ser? qual lado ceder?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O zunido do Mundo

Várias vozes cochichando, pés raspando, folhas abrindo, águas batendo, chorando, chovendo num gemido compassado, como uma fábrica ou uma ópera, uma ópera sem regente, cada par com sua partitura partindo para a próxima parte, para o próximo ato.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Conta dos dias

Ele conta hoje dezenove dias para uma história nova começar e refaz as contas, para fugir dos planos, do que já não pode transformar. Nas verdades que ele quer, as suas fotos são mais coloridas e na distância, se vier, a vida passa como carros que vêm e vão; o que o faz parecer uma outra pessoa, em outro lugar.

Incerta, inconstante e inconsistente.

É a felicidade, mas as vezes ela se torna tátil.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Catraca

Façamos de conta que o mundo é um metrô e as ideias são as pessoas.
Aposto que estão me evitando, quando não, trocando de vagão.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Dado

Pobreza é fazer da grama, cama; e no calor, da sombra, cobertor. No frio, do asfalto, um jogo de quarto esperando um dia sem dor. Um dia que de fato, a submissão à pobreza moral não seja seu maior fardo ao ponto de tratar a vida como um dado, sem saber se o jogo já acabou.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Selecionar > Caixa de Spam > Ok!

Pego todos, aqueles, sabe!? iguais ao mundo e as tendências do momento e jogo na minha caixa de spam.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quanto tempo o tempo tem?

Tento não me repartir em horas ou minutos; é impossível que a idade do tempo só seja divisível por seis e não passe de dois ponteiro e algumas pilhas. Pelo contrário, é bem mais abrangente, incalculável, relativa e diferente para cada um. Ainda lembro, por exemplo, a rapidez cortante com que a notícia de um falecimento chegou e a infinidade de subir dois andares guardando-a no peito. Como isso doía, meu Deus, e demorava.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Às palavras órfãs.

Não é só escrever e pronto, saiu. As palavras não amadurecem sozinhas e as frases não brotam do dia para a noite, pelo contrário, precisam de cuidado e paciência na poda. As melhores, precisam de um tempo na gaveta em banho maria de tinteiro. Vez ou outra, retiro-as, acrescendo uma ou duas vírgulas, faço algumas inversões, adubo. Então, olho bem, analiso sua forma, estética, seus códigos e quando percebo que já estão crescidas e calejadas, as apresento ao mundo. Algumas voltam, cabisbaixas; outras, pelo sucesso de suas construções, nem sequer se lembram que já tiveram pai.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Faixa de pedestre

Lá em cima o boneco verde começou a brilhar, quer dizer que chegou a hora de pular nas listras brancas daquela zebra enorme, entre uma calçada e outra, que os homens insistem em ignorar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Letras

Não estudo por que as letras, mapas e fórmulas me atraem, todavia por ver, ainda que turvamente, um futuro melhor a cada página virada. Estudar abre soluções.

Segredinho

São Paulo, vou te contar um segredo. Tenho acordado com vontade de saborear ar puro e dormido, quando durmo, com a boca amarga.

O cabideiro

Essa roupa suja, velha e usada não serve mais. Preciso devolver 2010 para o cabide e lembrar, ainda que em alguma gaveta escondida, onde diabos guardei 2011. E tirar. E usar.

Ferrugem

Perdi a conta desses sábados que tem mais cara de segunda que a própria segunda. Não descansar corroi! E meu corpo pede brisa de domingo com cara de feriado na segunda.

Gastrite

Quando esses personagens da Globo têm essa repentina vontade de filosofar sobre liberdade, sinto minha gastrite dar sinal de vida.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O começo, o fim e o começo.

Não adianta decretar que acabou,
que não há mais o que entrar e semear.
É ilusão!
Por mais que o amor pareça inocente,
ele bate, se camufla de destino, se mascara de acaso
e quando você menos espera, em algum pedaço
tem um broto despontando no coração.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sim.

É só dizer, para conquistar, para ceder.
Existem palavras que funcionam melhor que chaves.