sábado, 26 de março de 2011

Um fato

Aprendi que tenho dificuldade em lidar com a derrota.

E que todas as vezes que discursava "mesmo perdendo, temos que continuar com a cabeça levantada e seguir em frente" não imaginava o quanto ardia a sensação de fim. Afinal, pensando bem, é até fácil passar para a próxima luta. Mas e a que se foi? como fazer? esquecer? só erguer os olhos e sorrir? Partir para o próximo desfiladeiro sem retaguarda? Não! Tem um estandarte expondo a minha couraça de chumbo refletindo indiferença à perda, mas dentro, tenho estrutura, um emaranhado de ferro se entortando, trincando e rangendo um pedido de arrego. Um encanamento enferrujado e sujo, engasgado de tanta fumaça, que faz da sua chaminé, meus olhos, gotejando tristesa, até a hora que secar. E vai secar.

domingo, 20 de março de 2011

A semelhança entre as palavras saudade e soldado
talvez explique tantas batalhas
para esquecer certos momentos e
algumas pessoas.

Todo errado

Ando estranho,
com sensações roídas,
um grito frestando a garganta
e nos olhos, uma vontade de acontecer.
De explodir, romper a carcaça, chegar.
De suar, esquentar, ferver, estralar, sumir
e todos os infinitivos que o Houaiss me der.

Mas é só ânsia, e enquanto não sair,
fica aqui dentro, retida, essa vontade tesa,
sem ar, quase roxa de existir.