terça-feira, 27 de abril de 2010

As palavras e seus sentidos — A metamorfose

Cada palavra possui sua morfologia,
sonoridade e respectivo sorriso.
Mudar qualquer uma dessas características,
implica na mudança das que sobraram.
Um heroi, nada mais é, que um herói sem espada.
A Epopeia, perdeu boa parte de sua glória.
E ideia, essa sim, foi dividida,
representando, agora, uma metade.
Um partícula um pouco menos criativa.
Um raciocício ao meio.
Uma idéia que não chegou lá.

domingo, 25 de abril de 2010

As palavras e seus sentidos — Algumas verdades

Literalmente é uma palavra engraçada, quer ter a aparência de coisa séria, mas esconde vários segredos. Um deles é que, em muitos casos, ela nem existe. É uma abstração que o homem, na mania de tentar achar explicação pra tudo, fez pra entristecer ainda mais seus dias.

Ou vocês nunca se perguntaram por que as coisas tem sempre de adotar um sentido concreto? É ridículo! Pense bem, qual o sentido "palpável" de uma idéia? um sonho? felicidade? silêncio? não existe. São sentimentos que nasceram pra serem alcançados quando se consegue sentí-los, não quando se explicam. E se tentam, mentem. E se se conseguem, os matam.

sábado, 24 de abril de 2010

Mensagem ao universo

Sem novas terras, novos rumos, novos jeitos de amar.
Fadado estou, cheio de ilhas, isolado por isolar.
Mas o que tem, meu Deus, esse mar de vazio,
tem de cheio, em mim, a esperança, de um dia encontrar,
A outra metade, a vela, o cais,
onde eu possa, com calma, meu coração desembarcar.

quarta-feira, 21 de abril de 2010



Cada um que chega,
é cada um que sai.

e na somatória, chego a conclusão de
a rodoviária nada mais é, que uma grande mãe
com milhares de filhos orfãos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

As vezes eu desligo a música quando estou entre as pessoas,
principalmente no ônibus, metro e lotação.
É estranho, mas ela me afasta delas.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Confessionário

Acharam um rio que limpa pecados.
Basta levar fé, dinheiro e sabão.
Abaixar, mergulhar e Voilà!
Pronto, temos um novo cristão.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Unidade

É o que cada pessoa representa na Humanidade. E único, é o seu papel perante o decorrer da história. Até aquele que, aparentemente, tem menos importância, possui dentro de si um motivo singular pra existir. O que, muitas vezes, acontece é que não conseguimos desenvolver o “agendado” e o nosso script, falha.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Lotação

Até a centopéia se automatizou.
Recolheu seus braços e pernas,
implantou portas e rodas.
E um grande ônibus velho virou.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Capuz ao sono

O cansaço, agora, decide obrigado:
— Dormir deixou de ser voluntário!
Fazendo meu sonho sonhar acordado,
mostrando que a minha insônia,
nada mais é, que um dormir ao contrário.

sábado, 3 de abril de 2010

Desconserto da páscoa

Sempre tive minhas controvérsias em relação ao que a Páscoa representa hoje e o que representou há dois mil anos. Por mais que tente, não acho uma conexão sequer entre os coloridos ovos de chocolate e a mensagem de Solidariedade que o Cristo Planetário deixou ao ressuscitar. O que aconteceu, na verdade, com o decorrer do tempo, foi uma inversão de valores, somados à meia dúzia de capitalismo e um crescente ceticismo no coração das pessoas. E aí, o que temos? Voilà! A Páscoa do século XXI.
Mas nesta quinta-feira, 31, desdobrou-se uma história interessante que me comoveu com o seu desfecho.

Segue a história:

Esperando o ônibus, para correr ao trabalho dentro do trânsito caótico da Capital, me deparo com uma senhora, pequenina, de roupas engraçadas, coloridas, com algumas xuxinhas presas ao enrolado e loiro cabelo, uma begala e várias sacolas. Até então, nada demais.

Ei você, sabe se o Imirim passou faz muito tempo?

Posicionado de maneira a ver se a condução estava chegando, me viro e dou de frente com ela, a senhora engraçada de outrora.

Olha, estou esperando ele também, pode deixar que assim que chegar, lhe aviso. Respondi meio sem jeito, sem tirar os olhos da avenida.

Foi então que ela, tentando recapitular o assunto, disse:

É que, sabe o que é? eu tenho um problema na perna (o que explica a bengala, citada no início), mal consigo dobrá-la. Será que você pode me ajudar com as sacolas quando o ônibus chegar?

Claro que posso! Assim que ele parar aqui no ponto, lhe ajudo, e todos eu, você e as sacolas subiremos.

E ele parou. Ambos entraram. Ambos sentaram. No decorrer da viagem, assunto foi o que não faltou. Dona Virtudes tomava doze comprimidos de cefalexina e, por não ter condições de pagar táxi todos os dias, se prestava a ter que suportar as chaqualhadas descompassadas da condução. Digamos que ela representa a camada crescente de idosos que, por não terem outra opção, se "adaptam" à loucura de São Paulo, lhe restando apenas desabafar, com quem quiser ouvir, sobre como em algum momento de sua vida, as coisas eram diferentes.
Até que entre o vai-e-vem das curvas e lombadas, ela vira pra mim, posiciona sua mão sobre as sacolas e retira um ovo de Páscoa dourado, de marca simples e quase não conhecida.

Sei que parece estranho, mas fica com ele, como forma de agradecimento por hoje.

No início, obviamente, recusei. Mas a insistência da aposentada foi tamanha que fui vencido, e com um sorriso sem graça, mas feliz, o coloquei dentro da bolsa. Chegou seu ponto final e, assim como ao entrar, a ajudei a sair. De longe, ela andava meio torta e balançando de um lado para o outro as sacolas, só que dessa vez, sem um dos ovos dourado.

Aquilo me deixou meio anestesiado, bobo, refletindo sobre o acontecido. Foi então, que percebi. Naquele momento, assim, pra mim, a Páscoa e todo o seu sentido perdido, tinha se consertado.