domingo, 2 de maio de 2010

Do que os poetas vivem.

O jornalista se faz do jornal,
do caderno de notícias
do sobe e desce da bolsa,
das crônicas da polícia.

O garçom vive das gorjetas,
dos jogos de quarta e seu placares
dos desabafos de quem tá na sarjeta
das rodas de mesa e dos sambas populares

Os bancários, do que rende no fim do mês,
do juro sobre juros acumulados,
do empréstimo do burguês
das contas do aposentado.

E os cantores? vivem da voz!
dos show de sexta no Canecão
do timbre que canta aos ouvidos
das notas que encantam o coração.

Os cozinheiros comem com o que cozinham
e cozinham para que outros possam comer.
O que seria de Camões sem um cozinheiro?
Um alguém faminto demais pra escrever.

Os arquitetos vivem de contas e desenhos,
desenhos que viram sonhos,
contas que viram concreto,
Nessa, o pedreiro pega carona
e do cimento, tira seu sustento.

E um poeta? do que vive?
Ninguém compra poesias.
Nem cartas de amor se tivesse,
mas não vou ser jornalista, banqueiro,
garçom, cantor ou cozinheiro.
Quero fazer palavras ao coração.
E mesmo que ninguém as entenda,
o tempo há de entender,
que um amor sem poesia é crime.
Que um sonho sem poetas
é impossível de acontecer.

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