domingo, 11 de julho de 2010

O coração, as lagrimas e a valsa.

"Hoje, domingo, 11 de julho de 2010, exatamente as 6:13 da manhã, o sr. Messias Cavalcante, por não aguentar uma parada cardíaca, encerrou sua conta existencial terrena".

E também hoje, no enterro, percebi que quando as pessoas buscam inspiração para seus dilemas, geralmente olham para cima, cavando, em seus problemas, a solução. Mas naquele lugar não existia céu, nem chave para o que motivara o velório. Existia, porém, o chão para enterrar, não só o corpo, mas a verdade que acontecia. Isso explica todos os olhares e pés se encontrando, buscando no piso, buraco para esconder a dor. Apesar de querer, não era algo que precisasse de respostas, apenas acontecera e pronto, aconteceu.

Não sei se o rosto aflito, responsável pela maior parte das expressões, cedeu lugar a outros membros, outros órgãos; ou se ambos estiveram se ajudando multuamente, mas o fato é que as mãos falavam por si, as pernas gritavam um dó maior e os corações, pareciam bumbos. Só depois fui entender a canção: O cérebro, aceitando a trajetória finita daquele corpo, tentava ensinar ao coração que a saudade é um tipo de egoísmo. E o coração replicava, argumentando que egoísmo é não sentir nada. Não aprendeu aquela lição, não tão cedo.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Perder alguém é sempre muito difícil, se é conosco, nada do que disserem vai aliviar a dor, se é com alguém próximo, palavras só atrapalham. O melhor remédio, é o tempo. Você escreve muito bem...

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